sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

NÃO QUERO ROUPA DE VÓ!

Foram anos até eu descobrir que havia moda para gordinha. A internet ajudou muito nesse processo e alguns blogs de meninas plus também! Foi por isso que comecei a me interessar mais pela moda e por saber me vestir. 
Eu sempre amei o Esquadrão da Moda, pra falar a verdade e sempre quis saber como eu conseguiria encontrar a roupa ideal para mim.

GUARDA-ROUPAS MONOCROMÁTICO


Definitivamente essa era a definição do meu guarda-roupas, um festival de blusas, calças, shorts e vestidos pretos.Nem percebia, mas estava velando meu próprio corpo, a auto era viúva da estima. 
Um belo dia me cansei e comprei minha primeira blusa preta (!) estampada. Calma, o processo é lento e o sistema é bruto.

DICA DA BLUSINHA

Foi então que eu fui percebendo que não era só a cor que influenciava, mas o tipo da estampa e do recorte da roupa. Depois de muito entrar e sair de provadores, acabei me atentando ao fato de algumas modelagens funcionarem.
Uma delas é a peplum, geralmente vem acompanhando o corpo até o busto e depois desce soltinha nas laterias. A maior parte delas apresenta um recorte abaixo do busto, o que ajuda e muito a dar uma proporção à silhueta. A blusa reta tem efeito contrário, ela achata a silhueta, cria um efeito de que não se tem cintura, deixando o corpo bem desproporcional.
Observe a diferença. A foto 1 é uma blusa peplum, a 2 é uma blusa reta.

As duas blusinhas são da Posthaus


PLUS SIZE

Fiquei aqui queimando uns neurônios pensando porque a palavra plus size me era mais agradável que tamanho maior. Depois de algum tempo e de muitas experiências (ruins) e pesquisas de campo, acho que cheguei a uma conclusão: ser gordo no Brasil é um crime, é feio, é como uma maldição da qual você deve se envergonhar.

Eita, porra. Por quê?

Vocês se lembram da polêmica com a Daniela Martins que fez fotos de nudez e de biquíni? Pois é, ela foi massacrada na rede social Facebook por ser gorda! As postagem iam do bullying ao ódio pelo fato dela se sentir feliz e linda sendo quem é. 
Chamaram-se de enorme, baleia, fizeram memes horríveis com ele, ameaçaram bater nela, foi uma reação de ódio ao fato dela ser gorda. As pessoas tentaram reduzi-la, humilhá-la, reprimi-la, diminui-la, arrancar a força a estima dela, Havia pessoas obesas falando que gordura era feio, era doença; faziam bullying; as meninas recriminavam-na dizendo que ela já tinha chamado a atenção o suficiente.
Foi então que eu percebi que as palavras que denotavam o gordo eram todas evitadas porque eram sinônimo de algo ruim: preguiça, doença, falta de vergonha, feiúra, etc. 
Foi então que eu encontrei na palavra plus size um adjetivo mais calmo, sem o peso do julgamento e da ideologia que as palavras de um país carregam. Plus size me parece bem mais animador que tamanho especial, maior, porque não vem com aquele ranço social.
Já dizia Bakhtin que as palavras carregam toda a ideologia do momento, verdade. E como carrega, o gordo é o novo pária social, é o novo tuberculoso da bíblia, aquele que deve ser isolado da sociedade por ser pecador e estar recebendo o castigo, é o ser indigno de ser tocado sob pena de se tornar impuro.

Não se calar

Por isso se faz tão urgente a união entre as mulheres gordas e as que não são, mas têm intelecto suficiente para perceber que representatividade é o começo da confusão que causa o rebuliço que mostra o quanto a sociedade precisa falar sobre até entender que ser gordo não é, necessariamente, sinônimo de doença nem de falta de beleza.
O empoderamento que Daniela Martin deu às meninas acima do peso ao mostrar seu corpo ao mundo, mostrando ser feliz, bonita e segura com ele é que me move nessa luta contra o preconceito. Viva a diversidade de corpos!